NA FREQUÊNCIA DA VIDA
Não tinha sido violada mas… Olá, amigo ouvinte! Estava longe, mesmo muito longe de imaginar, que, aquela aula, iria ser tão diferente; tão diferente e tão especial; tão inesquecível… Quando entrei na sala para leccionar a disciplina de Educação Moral Católica àquela turma do 12ºano- uma turma muito simpática e participativa - diga-se de passagem - já ia, no entanto, de "pé atrás"; Não por se se tratar de uma turma de "terroristas" ou coisa do género… mas, pelo contrário, por incluir um conjunto de alunos muito participativos e intervenientes. O que é óptimo… por um lado… mas, por outro, é um pouco complicado, porque, o esquema da aula sai geralmente todo furado: Por isso, e porque já sei o que "a casa gasta" já ia, por assim dizer, de pé atrás, e predisposto para o que "desse e viesse"… Além do mais, depois que aquela estação de televisão se lembrou de questionar tudo e todos, com pseudo referendos, a pseudo problemas, muitas vezes, então, e como o amigo ouvinte deve imaginar, o panorama complica-se ainda mais: É quase sacramental, na semana imediatamente após o programa ir para o ar, surgir as questões mais incríveis nesse domínio;
Como neste Domingo o programa se debruçou sobre os homossexuais… verdade seja dita… já ia de "peito feito", quando entrei naquela sala de aulas não fosse o diabo tecê-las… Assim, se surgisse alguma "boca", já saberia muito bem como orientar as coisas, como conduzir a conversa… Pelo menos era assim que eu pensava; e foi, assim, com este estado de espírito, que entrei na sala de aulas. Mal podia imaginar a surpresa que me estava reservada:
Hoje é uma moça bonita. Adora a mãe, e é contra o aborto…ela que é fruto de uma violação; Assume o problema sem problemas…pensa ela; fala do assunto sem subterfúgios, mesmo em plena turma como foi o caso… Amada pela mãe, admirada pelos colegas, a Tânia vive, ainda, o trauma; o trauma da mãe que também é seu. Talvez por isso, adora falar da violação. Adora… entende, amigo ouvinte?! Não foi violada; é fruto de uma violação. Talvez por isso, ela que é bonita considera-se feia; Apesar de desejada, desconfia do amor…; há muitos rapazes que gostam dela; ela, para já não gosta de nenhum… Não é assim tão difícil de entender, a Tânia, pois não, amigo ouvinte? Não concorda comigo? Até para a semana! 13/11/96 Padre Júlio Grangeia
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